RENASCITUDES
terça-feira, 25 de junho de 2013
Oração dos Pássaros
Conservai-nos, Senhor,
a possibilidade de sermos
livres e inofensivos
e o direito de voarmos,
cantarmos
e sermos felizes.
Ajudai-nos, Senhor,
na busca do alimento
que nos permite a vida.
Mostrai-nos, Senhor,
como nos defendermos
do perigo, sem que
precisemos perder
a delicadeza
de sermos pássaros!
Protegei-nos, Senhor!!!
Autoria: Ilka Vieira
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Lamento
Ah! eu me perdi nos teus cabelos
e me encontrei no teu sorriso.
Ouço a voz agressiva da morte que canta,
enquanto a madrugada prossegue.
Ouço a voz melíflua do cego romântico
e não tenho um piano para tocar
e não sei tocar também...
Palmilho com meus olhos o teu corpo
e minhas mãos se detém no caminho do gesto.
Era ternura, mas não entenderias...
Percorro a longa estrada do teu ser
e mergulho num sonho estranho,
enquanto a noite canta
e as palavras que fluem da pena
morrem estranguladas na garganta.
Ah! eu me perdi nos teus cabelos
e me encontrei na selva viva dos teus olhos
e era dia ainda.
Havia uma estranha luz crepuscular
no risco azul do teu sorriso,
mas não havia flores em tuas mãos
nem lágrimas no teu caminho.
Apenas o cego cantava romântico
e a morte entoava sua última canção.
Há uma verdade. Sabemos que há.
Mas não é importante.
Ou tão importante como o gesto detido,
como a ternura tolhida,
como o olhar profundo iluminado,
diverso e diferente.
Os loucos caminham pela noite.
Os cães ladram desesperados.
A morte canta.
O cego cala.
Quando o dia chegar, eu terei luz
e não precisarei dela,
terei o piano e não saberei tocar.
Terei palavras,
mas não conseguirei escrever.
Autoria: Ilka Vieira
quarta-feira, 5 de junho de 2013
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