RENASCITUDES

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Porta da Retina




Sobrou-me desenhada nas lembranças
a porta misteriosa pela qual jamais ousei...
Tão entreaberta às minhas andanças,
apenas um passo a frente que não dei.

 
Em tom castanho quase doce como mel
atraía despertando meu toque afetuoso
A noite, mais se parecia com um cinzel
esculpindo meu olhar desejoso.

 
Anos se passaram embaixo do mesmo teto...
Lá fora, tantas portas adentrei, nada vi
Preenchi espaços, de um EU incompleto,
saía como na inquietação de um colibri.

 
E a porta que sempre esteve entreaberta
fechou-se extenuante na eternidade.
Ela era apenas o seu olhar fazendo oferta:
Um convite a amar em profundidade.

 

Autoria: Ilka Vieira