Enjoam-me as queixas caminhantes lado a lado
Ensurdecendo lágrimas e travando saídas
Já não brigam dois corações acomodados
Brincam de felicidade em afetos suicidas.
O medo de perder o que morto já está
Pinta o egoísmo de sentimento bom
E a paisagem do sonho que não virá
Deita-se à margem da sombra sem tom.
Ouvir e aceitar o silêncio circulante
Dançando em volta dele dia após dia
Não diluirá o ressentimento soluçante
E confirma o vício da falsa analgesia.
O que pensa um olhar desencorajado
Esperando que a vida lhe doe uma flor?
Enquanto isso o tempo grita atormentado:
Amor que cultua dores não é amor!
Autoria: Ilka Vieira