RENASCITUDES

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Completamente...



Amo-te tão completamente
Que a mim basta sentir a tua vida
Teu bem querer tão envolvente
Fazendo de mim, a tua sob medida.

Quero pra ti um olhar doce

Uma vasta selva de aventuras
Como se a vida só fosse
O colorido das pinturas.

Saio buscando uma fresca brisa

Que ventile mais os teus dias
Hei de ser forte e não poetisa
Se destruírem nossas fotografias.

Serei tua segunda dimensão

Num horizonte tão almejado
Mas me guardarei de coração
Se me quiseres ao teu lado.

Chama-me de doida quem não ama

Quem não ama, não compartilha
Também não vive, só reclama
Não vê que o ciúme é armadilha.

Enquanto a chuva regar o teu jardim

As heras acalmarão minha saudade
E se meu bobo sonho persistir
Faze do teu sonho a veracidade.

Esse amor que é raro e alheio

Que de nosso nada tem
Há de vir e ser o nosso meio
Mas muito importa de onde vem!

E o sol que rege o teu sorriso

Há de enfeitar de um outro jeito
Corpo a corpo sem juízo
E o meu coração fora do peito.

Vai na frente que eu te sigo

Sei até onde posso e devo ir
Não se importe tanto comigo
Vai ser feliz sem me inserir.

Se a minha dor se mascarar

Pintando a cara-fraca de aço
Vai embora sem titubear
Cuidarei sim do meu fracasso.

... Mas o meu amor tão completamente,

Ainda fantasia quem nos aceite...
Ou que ignore generosamente,
O nosso amor e o respeite.

Autoria: Ilka Vieira

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Peregrina



Aventurando-me pelas tuas estradas
Sou peregrina da alma em silêncio 
Contornando tuas curvas encantadas
Deslizo pelo nosso córrego florêncio.

E o sol do nosso tempero aquece

Enquanto desmato os teus mistérios
Se eu fosse o ritual de uma prece
Desmarcaria por ti todos os critérios.

Caminhante sigo sem querer a reta

Porque contigo cada minuto é uma hora
De nada me adianta enxergar a seta
Se me fazes do teu amanhã o agora.

E eu, sussurrando louca ao teu ouvido 

Peregrina faminta sentindo teu cheiro
Rendo-me às promessas sem pedidos
Deitando-me à sombra do nosso cativeiro.

Autoria: Ilka Vieira

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Unilace



É madrugada!

Faz-se a insônia, um lago triste e murmurante, 
Guardando para si dores de desenlaces...
Se ao menos eu tivesse um doce amante,
Pintava sorrisos, criando faces...

Sussurra o cruel silêncio em quietude...
Há de querer dizer-me mais do que algo...
Se não o decifro pela amargura tão rude, 
Sobra-me o abandono, campo onde cavalgo...

Não há lua a enfeitar-me de brilhante,
Nada vibra, se a solidão amortece...
Se ao menos eu ainda fosse fumante,
Pela saúde, rezaria uma prece.

Ouço ao longe os pássaros que se amam
Criarem canções enobrecendo as carícias...
As folhas balançando se alcançam, se roçam...
A natureza faz amor noturno sem malícia!

Abri os braços e estendi as pernas...
Fechei os olhos e senti-me plena,
Presenteei-me com ternura subalterna,
Soltando um vitorioso grito de arena.

Autoria: Ilka Vieira