A simplicidade da lembrança
que o amor nos deixa
torna-se a base de um recomeço.
No recolhimento dos objetos,
uma tristeza fulminante.
Na despedida, uma insegurança.
No último olhar,
o aceno sem movimentos.
No trancar da porta,
o choro de um coração que deixou
sua metade do outro lado.
No desaconchego de quem fica,
a busca rápida de pequenas coisas
que foram levadas na mala.
Na ânsia de reagir,
o empenho de lavar o rosto
e o acaso da simples toalha
pendurada no banheiro,
esquecida para acalmar...
torturar...
fazer doer...
fazer dormir com a dor,
até que o tempo a transforme
em nada, substituindo-a por outra.
Autoria: Ilka Vieira
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