RENASCITUDES

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Último Ato


... E o peito embutiu o som em si
A melodia findou chorando em dó
Era tarde, passou a lua, não a vi
Borrei de red o blue, noite em pó.

Tic-tac , pêndulo entre mim e o vão
Paisagens de outono traçando destino
Despi a alma em voto de comunhão
Corpo presente sem tom de figurino.

Já havia cinzas, mas acendi as velas
No passo lento minha estrela apagou
Criei por mim minhas próprias celas
Impossível fugir da morte se ela chegou.

Beijou-me a vida, despediu-se de mim
Como num voo brando soltei a mão
Senti a suave cobertura de jasmim
E no último ato afaguei meu coração.

Autoria: Ilka Vieira

Nenhum comentário:

Postar um comentário