RENASCITUDES

domingo, 28 de outubro de 2012

Saudade



Quase passo pela saudade sem a perceber, mas não! Não é justo deixar de notar esse sentimento tão forte, por vezes gostoso, por outras doloroso, chegando a tomar as rédeas das nossas atitudes, lambuzar as nossas vidas, partir em pedaços as estruturas que pareciam tão fortalecidas, tirar nossos pés do chão... 
Saudade faz coisas tão inexplicáveis que merece maior atenção.

Eu já Sofri de Saudade dando murros nas sombras. Já sofri de saudade por alguém que não poderia voltar a ver. Já sofri de saudade boba, aquela cuja ausência se faz por apenas um dia. Já sofri de saudade por quem esteve encostado no meu corpo, mas não soube se fazer presente. Já sofri de saudade pequena, aquela que logo se reconhece não valer a pena.

Eu já Sorri de Saudade contornando boas lembranças. Já sorri de saudade da infância, aquela que só a doçura da criança escreve para jamais esquecer. Já sorri de saudade pensando na minha ingenuidade do primeiro amor. Já sorri de saudade das histórias de mentirinhas do meu avô. Já sorri de saudade das amiguinhas que guardaram meus primeiros segredinhos, não porque souberam guardar segredos para a vida toda, mas porque a vida toda não nos manteve amiguinhas. Já sorri de saudade dos sonhos que pensei tornar realidade, mas a realidade é tão dura que envelhece os sonhos sem lhes dar vida e personalidade.

Eu já Morri de Saudade de mim, aquela saudade que leva o melhor da gente, extravia... 

Autoria: Ilka Vieira

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