RENASCITUDES

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Magia das Lembranças



A Lembrança pendura momentos agarrados ao nosso pescoço. Sinto-me estrangulada quando a lembrança aperta minha garganta e não deixa o ar passar.
É uma saudade ou rejeição de vivê-los novamente com a mesma perfeição que ocorreram. Nada planejado, nada escrito para comprovar ou mesmo para ser repetido. Mas voltam a ser desenhados num enlace forte entre os olhos, o cérebro e o coração. Não há como tocá-los, momentos passados são lembranças e estas são abstratas, que pena! Há momentos tão curtos, tão rápidos que, se não forem bem desfrutados passam desapercebidos. Há quem nos aponte, há quem consegue senti-los ainda passando, mas é aquela coisa da gente procurar com os olhos e não ver, porque só o sentimento enxerga o passado. Os momentos sofridos doem tanto que me veem à boca com gosto de lágrima sem adoçante. Já coloquei muito mel em amarguras que precisariam ser adocicadas para serem guardadas, mas elas perdem o mel quando voltam a latejar, fugir da realidade é persistência inútil! 
O fato é que os momentos não são mesmo iguais, por mais que os classifiquemos não chegam a ocupar no baú, espaços entre as semelhanças, sinto inclusive que os momentos exigem mudança de parágrafo, cada qual com a sua introdução e desfecho. O tempo ajuda, mas nós somos o vento a empurrar, bloquear ou a trazer em proximidade as nossas lembranças. 
Há momentos que se tornam tão mágicos na lembrança que entram e saem da cartola como se fossem pombas e lenços a nos confundir. É preciso se despir dos preconceitos que fizeram parte das lembranças, porque elas não têm gênero e diluem idades, mas podem ser plurais e eternas.

Autoria Ilka Vieira

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